STJ afasta governador do Tocantins e primeira-dama em investigação sobre desvio de R$ 73 milhões durante pandemia

Em uma reviravolta política no Tocantins, o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) e a primeira-dama Karynne Sotero Campos foram afastados de seus cargos por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), nesta quarta-feira (3). A medida tem validade de 180 dias e ocorre no âmbito de uma investigação que apura o desvio de recursos públicos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19. O rombo estimado ultrapassa os R$ 73 milhões.
O afastamento foi determinado pelo ministro Mauro Campbell e aprovado pela Corte Especial do STJ. A Polícia Federal deflagrou, no mesmo dia, a segunda fase da Operação Fames-19, mobilizando mais de 200 agentes para cumprir 51 mandados de busca e apreensão em cinco unidades da federação: Tocantins (Palmas e Araguaína), Distrito Federal, Paraíba e Maranhão.
Os alvos da operação incluem o Palácio Araguaia — sede do governo tocantinense — e a Assembleia Legislativa do Estado. A ação visa aprofundar as investigações sobre o possível uso irregular de emendas parlamentares e o suposto pagamento de propinas a agentes públicos e políticos.
Entre os crimes sob apuração estão:
-
Frustração ao caráter competitivo de licitação;
-
Peculato;
-
Corrupção passiva;
-
Lavagem de dinheiro;
-
Formação de organização criminosa.
Em nota oficial, o governador Wanderlei Barbosa classificou a medida como "precipitada" e ressaltou que os fatos investigados remontam ao período em que era vice-governador, sem responsabilidade direta sobre os contratos. Ele afirmou ainda que determinou uma auditoria interna e pretende acionar os meios legais para retomar o cargo.
Já a primeira-dama, que também ocupava o cargo de secretária extraordinária de Participações Sociais, declarou que irá se afastar das funções para focar em sua defesa. Ela afirmou estar tranquila e confiante em comprovar sua total ausência de envolvimento nos fatos investigados.