Abertura do Ano Legislativo em Araguaína: Entre Promessas, Atitudes e a Realidade do Poder

O plenário estava lotado. Vereadores, assessores, servidores, imprensa e população reunidos para a primeira sessão do ano legislativo. O clima era de expectativa, como sempre acontece no início dos trabalhos. No papel, novos projetos começam a ganhar forma, discursos inflamados falam de compromisso, e a Casa de Leis se apresenta como palco das grandes decisões que moldarão o futuro da cidade. Mas, na prática, o que se percebe vai muito além das formalidades.

Os 17 vereadores – entre eleitos e reeleitos – estavam todos lá, cada um ocupando seu espaço, alguns reafirmando a postura que sempre tiveram, outros revelando uma nova faceta agora que o poder está em suas mãos. Observando atentamente, fica claro que há três tipos distintos de parlamentares nesse início de mandato.

Primeiro, há aqueles que fazem jus à confiança que receberam nas urnas. Esses continuam firmes, conscientes da responsabilidade que carregam. Mantêm a humildade e a seriedade no trabalho, com pulso firme e determinação, sabendo que representar o povo é um desafio diário que exige mais do que discursos bonitos. São os que entendem que política se faz com coerência, respeito e dedicação.

Depois, temos os chamados “vereadores de um mandato”. Aqueles que ocupam suas cadeiras, mas sem marcar presença de fato. Estão lá, mas não estão. Fazem o mínimo, levantam a mão para aprovar projetos sem muito questionamento e, se forem lembrados no futuro, será mais pela ausência de relevância do que por qualquer grande contribuição. São os que tanto faz: se a política os levar adiante, ótimo; se não, tudo bem também.

E por fim, há um terceiro grupo, talvez o mais emblemático e previsível. São aqueles para quem o poder subiu à cabeça rápido demais. Antes mesmo que a tinta da posse secasse, já demonstravam uma postura diferente daquela que exibiam nas ruas, nas campanhas, nos apertos de mão e nos compromissos firmados com os eleitores. Para esses, o cargo não é um serviço temporário prestado ao povo, mas sim um status, um título absoluto. A famosa frase “Quer conhecer alguém? Dê poder a ela” nunca fez tanto sentido.

O tom da voz mudou, o olhar ficou mais distante, os passos mais calculados. O acesso a privilégios e a sensação de estar acima dos outros transformaram a postura. O sapatinho da humildade, outrora bem ajustado nos pés, ficou esquecido em algum canto. Agora, caminham com um salto imaginário, como se a cadeira de vereador fosse um trono e não uma missão.

A política, no entanto, é cíclica. O tempo passa, os mandatos acabam, e aqueles que hoje se julgam inalcançáveis logo se veem diante do julgamento mais implacável de todos: o das urnas. O povo observa, analisa e, no momento certo, responde. A verdadeira política não se faz no brilho dos holofotes, mas no cotidiano de quem, de fato, honra o compromisso que assumiu.

Resta saber quais desses vereadores entenderão isso a tempo – e quais só perceberão quando for tarde demais.